Quem aí já imaginou uma bolsa feita com material proveniente de uma cultura de leveduras e bactérias? Aquela mesma utilizada para fazer a deliciosa bebida kombucha?
Pois esse tecido de celulose-bacteriano, feito em laboratório ou até mesmo na cozinha da sua casa, é uma das apostas em materiais sendo desenvolvidos para ser uma alternativa ao couro.
Nessa família dos biomateriais, diferente dos substratos produzidos a partir de fibras naturais de origem animal, em que as fibras provém do animal a partir do pêlo ou secreção, os substratos são produzidos por organismos vivos a partir de vários processos, como por exemplo o de fermentação, como é o caso da Kombucha, diz a pesquisadora Tati Laschuk.
O tecido de celulose-bacteriano é considerado ecologicamente correto uma vez que utiliza pouca água, comparado a outras fibras naturais, assim como menos energia, zero uso de produtos tóxicos, além de ser inteiramente biodegradável.
imagens Greenlab e Lilian Dodanue
Faça crescer suas próprias roupas
Sobre a popularização da Kombucha, Tati explica um pouco mais no seu livro digital Eco Materiais para a Moda:
“A ideia sobre a possibilidade de utilização dos biomateriais na área da moda se popularizou quando, em 2011, em um TED, a designer Suzanne Lee, autora de vários livros relacionados ao futuro dos materiais, mostrou a kombucha como um possível substituto dos tecidos e também do couro na confecção de artigos do vestuário.
Na ocasião, Lee mencionou a seguinte frase: “faça crescer suas próprias roupas”, se referindo ao uso da kombucha. Apesar da aplicação do substrato a área têxtil ainda ter alguns aspectos a evoluir, como a melhora na flexibilidade e a não absorção de água, o material possui o processo de produção bastante simples, pois necessita basicamente de água, açúcar e chá, para que a kombucha possa crescer.
Diferente dos processos de fiação convencionais e até mesmo do couro, onde ambos possuem processos complexos e muitas vezes poluentes, a kombucha produz nano fibras de celulose, que vão se sobrepondo e formando uma camada espessa de material, aproximadamente 3 semanas após o processo ter iniciado. É possível fabricar o substrato em um só local, ou seja, toda a cadeia produtiva é vertical, o que acaba eliminando o transporte entre os elos da cadeia, e também dá maior controle e rapidez ao processo.”
Imagem Suzanne Lee
Curiosas com o resultado, também nos aventuramos aqui na Mastri a testar o material e montar algumas bolsas. É um material maleável, fácil de cortar e resistente ao fogo. Pode ser costurado tanto na máquina de costura quanto manualmente. Agora precisamos testar a durabilidade, se irão suportar peso e se as costuras não irão abrir…
Imagens Gisele Germany
Ficou curioso sobre o assunto?
O Healthy Materials Lab, da New School Parsons, disponibiliza aqui um guia passo-a-passo para produzir seu próprio tecido!